O buraco do espelho está fechado
Agora eu tenho que ficar aqui.
Com um olho aberto e outro acordado
No lado de lá, onde eu caí.
Pro lado de cá não tem acesso,
Mesmo que me chamem pelo nome,
Mesmo que adimitam meu regresso,
Toda vez que eu vou a porta some.
A janela some na parede,
A palavra de água se dissolve.
Na palavra sede a boca cede,
Antes de falarem não se houve.
Já tentei dormir a noite inteira.
Quatro, cinco, seis da madrugada.
Vou ficar ali nessa cadeira,
Uma arelha alerta e outra ligada.
O buraco do espelho está fechado
Agora eu tenho que ficar agora.
Curta o abandono, abandonado
Aqui dentro, do lado de fora.
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